Durante a refeição alguém tropeça no copo de plástico pousado em cima da mesa.
Durante a curta queda, o meu inconsciente decide rapidamente se devo ou não amortecer a queda com o pé (decide que não vale a pena).
Entretanto o consciente começa a deambular:
Curioso - ainda tinha tempo de amortecer a queda com o pé. Isto significa que a decisão inconsciente foi tomada em quanto tempo?
Bem - assumindo que a mesa está a um metro e vinte do chão, temos que a aceleração gravítica a dividir por dois, vez o tempo ao quadrado é igual a um ponto dois (desprezando o atrito).
Assumindo dez metros por segundo quadrado para a aceleração, temos que t é igual à raiz quadrada de zero ponto vinte e quatro - aproximadamente meio segundo de queda.
Ainda deveria contabilizar o tempo que o copo demorou a chegar à borda da mesa - sabendo que o copo se moveu uns 30 centímetros sobre a mesa, preciso de saber a velocidade aproximadamente a que o cotovelo se deslocava quando embateu nele. Preciso também de saber aproximadamente a frequência de amostragem do sistema visual. Tenho ainda de calcular o tempo que a perna demoraria a percorrer os 50 centímetros até ao sítio onde o copo caíu - e assim poderia calcular a velocidade de process...
- MIGUEEEEEEEEL! Estas aí?
Ela olha para mim com o ar irónico de quem sabe perfeitamente onde eu estava - e de quem se prepara para me dar um pequeno gozo. No tempo que demoro a voltar à realidade, ela prossegue
- Estavas a ouvir o que eu dizia? Em que é que estavas a pensar?
Como é que vou explicar-lhe que estava com curiosidade de tentar perceber a velocidade de processamento do subconsciente - assim poderia tentar comparar com a velocidade de processamento do consciente... ou de um computador... tantas coisas interessantes - mas como explicar-lhe?
Decido dar a resposta standard, enquanto tento reconstituir o fragmento de conversa que decorreu enquanto me distraía a fazer as contas.
- Não estava a pensar em nada de especial. Estavas a falar de... da tua mãe?
- Da minha mãe? Estiveste quase, mas a minha mãe já foi há uns dez minutos- agora estava a falar da tua. Apanha lá o copo antes que molhe o chão todo.
Enquanto me baixo para apanhar o copo, reparo no padrão que o líquido faz no chão, e lá vou eu outra vez:
Curioso, o padrão que o líquido fez. Que informação é que dará para extrair deste padrão? Será que dá para perceber a altura que o copo caíu? A orientação que tinha quando bateu no chão? Que efeito terá a viscosidade do líquido sobre este padrão? Que percentagem do líquido ainda estará dentro do copo? Qual a distribuição radial? E qual a densidade de líquido em função da distância radial? E se tomar em consideraç....
MIGUEEEEEEL! Onde é que estás outra vez?
Como explicar-lhe?
Wednesday, January 2, 2013
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