Wednesday, August 8, 2007

God Delusion - a influência das orações

De vez em quando leio um livro que acho que vale mesmo a pena ler. Isto aconteceu-me recentemente com o "God Delusion" de Richard Dawkins.

Apesar de ainda estar a meio, já percebi que vai ser um livro que provavelmente vou gostar de ler até ao fim. Está escrito de uma forma muito engraçada (a roçar o sarcástico).
O livro é uma espécie de manifesto anti-Deus (Dawkins é um ateu convicto), escrito por um biólogo que influenciou bastante o trabalho recente sobre evolução - um seguidor convicto de Darwin.

É um livro um pouco forte - a roçar o agressivo - mas tem alguns pontos muito interessantes.


Uma das histórias mais interessantes do livro tem como raiz este estudo: http://www.mowatresearch.co.uk/uploaded_documents/Benson.pdf

Acontece que em 1997 decidiu-se conduzir um estudo sério sobre a influência da oração sobre a recuperação de doentes. Este estudo foi comparticipado pela Templeton Foundation (http://en.wikipedia.org/wiki/John_Templeton_Foundation), uma fundação que Dawkins acusa de estar intimamente ligada a movimentos cristãos (e daí ele ainda achar mais delicioso o resultado).

O nosso bom doutor Benson decidiu pegar numa em cerca de 2000 doentes cardíacos a recuperar de intervenções cirúrgicas e dividi-los em três grupos:
- O primeiro não iria receber qualquer tipo de oração adicional
- O segundo iria receber orações em seu favor, "oferecidas" por parte de um grupo de fieis de várias paróquias que iam assim participar no estudo. Este grupo de doentes não saberia que estavam a rezar por eles
- O terceiro grupo iria receber orações em seu favor, mas seriam informados que isto ia acontecer.

Este estudo decorreu durante vários anos e no final comparou-se os resultados. Aparentemente não existia qualquer diferença estatística entre a taxa de recuperação dos dois primeiros grupos.
Curiosamente, o terceiro grupo demonstrou uma taxa de recuperação um pouco inferior. Segundo Dawkins isto deveu-se a uma reacção por parte dos doentes do tipo:
"o quê? Já tiveram que chamar a equipa das rezas? Devo estar meeeeeesmo lixado..."


As reacções foram várias (um bom artigo sobre pode ser encontrado aqui: http://www.nytimes.com/2006/04/11/opinion/11lawrence.html?ex=1186718400&en=d7ec9d9a551102b2&ei=5070). Não me vou pronunciar (pelo menos para já) sobre o que acho sobre este estudo, sobre as rezas ou sobre as conclusões - mas não deixa de ser um estudo (e um resultado) curioso.

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