Wednesday, November 7, 2007

Crescer é...

...perceber que a vida é feita de opções. É perceber que por vezes é preciso decidir entre os desejos e os deveres - e saber quando escolher o quê. É tomar as rédeas do nosso destino, em vez nos deixarmos enredar por ele. É o glorioso direito da liberdade e o pesado dever da responsabilidade num só embrulho.
Crescer não é abandonar os sonhos ou a infantilidade - isso é envelhecer. Também não é deixar de correr riscos ou aceitar o mundo como é - isso é acomodar. Crescer é mudar o mundo enquanto deixamos que o mundo nos mude a nós, parar de viver num mundo de sonhos para passar a sonhar no mundo em que se vive.

Sobretudo, crescer é difícil. Tem dores de parto - só que é o parturiente que também nasce. Só não morre quem nunca nasceu - e quem nunca cresceu também nunca realmente viveu.

Quanto me custou a mim crescer na altura em que tive que o fazer... e a realidade é que não o trocaria por nada!

4 comments:

Anonymous said...

Será que estou hoje a descobrir que não sou assim tão crescida? Continuo a viver num mundo de sonhos, todos os dias adio a decisão de tomar as rédeas ao meu destino, deixando que ele adivinhe aquilo que mais quero, que mais desejo para mim e para a minha vida, levando-me a percorrer trilhos cruzados e encruzilhados...
Crescer é difícil. Não, crescer é muitíssimo difícil! É percebermos que o mundo à nossa volta mudou, mudou-nos e envolveu-nos de forma incontornável, quase irremediável e definitivamente sem retorno. É a consciência da nossa mortalidade e a perda da inocência.
Há muitos anos atrás (mais de dez…) um amigo meu escreveu-me, a jeito de dedicatória num livro que me ofereceu (“O Principezinho” de Antoine Sanit-Exupéry): “Nunca deixes de ser miúdo, nunca deixes de saborear e de sentir e de ver e de ficar excitado com as coisas óptimas da vida. (…) Usa a tua pequena máscara, se precisares, para proteger o miúdo do mundo. Mas se deixares esse miúdo desaparecer, pá, és um adulto e estás morto”.
Ao longo da minha vida tentei sempre proteger o miúdo do mundo. Se calhar protegi-o demasiado…
Sónia N.
PS – Gostei muito de ler o teu texto.

Anonymous said...

Repara que eu próprio acho que deve haver espaço para uma certa infantilidade - apenas acho que esse espaço deve estar bem controlado e nunca ser demasiado grande.
Para mim a felicidade que resulta da infantilidade é idêntica à felicidade que resulta da embriaguez: é uma felicidade de escape, em que estamos felizes porque não queremos saber das razões que nos levam a poder ficar infelizes. Por vezes também gosto de beber a minha ginjinha, mas procuro nunca perder o controlo. É o mesmo que faço com a minha vontade de ser infantil. Gosto demasiado da sensação de que consigo direccionar minimamente a minha vida para abdicar de livre vontade desse meu "direito".

Miguelb

(já agora - esse teu amigo chegou a perder a infantilidade dele?)

Anonymous said...

Para mim “Nunca deixes de ser miúdo…” não é haver espaço para a infantilidade, mas sim haver espaço para continuarmos a olhar o mundo com uma certa inocência e ternura, como quando somos crianças. Com aqueles olhos esbugalhados, de um misto de curiosidade e fascínio, a cada nova descoberta. E foi isso que ele me quis dizer.
Claro que tu cresces e o teu olhar perante o mundo muda. É mesmo assim e não poderia ser de outro modo. Faz parte do Crescer. Mas… Gosto muito de ver no olhar de um “crescido” o brilho perante uma nova descoberta, a capacidade “saborear e de sentir e de ver e de ficar excitado com as coisas óptimas da vida”. Com as coisas simples da vida. É neste sentido…

ver julgar e agir said...

para mim crescer é perder-se de vista,dormir na realidade e acordar num sonho onde tudo é nada e nada é tudo,crescer é sentir-se pequeno diante de grandes milagres naturais,crescer é ser manso como uma rosa mas apoiada em espinhos afiados do conhecimento,crescer é ser,crescer é receber a feliscidade,destingui-la em meio as agruras e disabores do cotidiano,chorar tambem é ser grande quando o pesar é torturador,ser grande é simplismente asumir a condição de ser voçê entre as fantasias da realidade da vida.