Já não é a primeira vez que isto me acontece: alguém me convida para alguma coisa - por exemplo uma ida ao cinema ou ao teatro. No fim, o "anfitrião" pergunta-me o que é que eu achei. Quando eu respondo que gostei noto um certo (grande) alívio na pessoa.
O que eu acho estranho nesta reacção é que o facto de notar alívio em vez de alegria - parece que a pessoa estava com medo do que eu pudesse dizer.
Ainda não percebi bem este mecanismo, e se bem que por um lado gosto de sentir que a minha opinião é valorizada pelas outras pessoas, por outro preocupa-me este medo da minha opinião.
Fico sempre a pensar na quantidade de situações em que as pessoas me evitam só para não a ouvir...
Ainda ninguém me soube explicar este fenómeno - mesmo as pessoas a quem pergunto quando noto que isto acontece dão-me respostas incompletas ou pouco esclarecedoras - fico sempre a pensar que temem o que posso vir a dizer se me disserem a verdade sobre este tema...
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8 comments:
Apesar de ou talvez por seres elitista com o teu circulo de amigos mais próximos todos eles percebem que, quer queiras ou não, és o elemento aglutinador de quase todos os eventos e de quase todas as conversas. Eu chego a ter conversas onde não estás presente mas absorves todos os temas de discussão. Sim, nós falamos nas tuas costas... Dito isto, a minha explicação para o fenómeno que referes tenha muito a haver com o facto de que não é só a opinião do Miguel que está em causa mas o efeito que ela vai ter em multiplos ciclos de conversa nos dias seguintes. Nem quer dizer que as pessoas sigam a tua opinião sem pensar. Cada um tem a sua. Mas será a partir da Tua opinião que muito se vai falar. E isso pode inibir ou fazer recear. É a minha opinião. Luis
Pfff... que narcisismo! :-)
Talvez esse fenómeno aconteça tb comigo. Se for verdade, não o faço conscientemente (tenho de prestar mais atenção a esta situação), mas imagino que tenha a ver com o teu espírito crítico. Tu és uma pessoa que tem a tendência para analisar - ou melhor, dissecar - tudo o que observa e sabemos que és especialmente atento às pessoas de quem te sentes mais próximo.
Penso que esse fenómeno poderá estar relacionado com o teu forte espírito crítico e com o facto de as tuas opiniões serem dadas com base naquilo que realmente pensas sobre o assunto em questão, podendo algumas vezes o teu receptor não estar preparado para ouvir o que pensas sobre esse assunto.
Confesso que, por vezes, isso acontece comigo, mas não por medo de ouvir a tua opinião.
As razões prendem-se mais por: (i) desconfiar que a tua opinião é diferente da minha e que na discussão que se irá seguir, vou ter de te provar de um modo “analítico” o meu ponto de vista e se ele for mais intuitivo ou emocional não o vou conseguir, pelo que me esquivo à discussão e (ii) conhecer a tua opinião sobre o assunto mas não poder ir de encontro ao que me dizes/aconselhas, por muito que concorde contigo e saiba que tenhas razão (estas são mais frequentes). E, neste caso, é pelo facto de valorizar a tua opinião que este fenómeno se dá. :)
Luís - não percebo a relação entre eu ser elitista e ser um elemento aglutinador do grupo... O que é que uma coisa tem a ver com a outra?
Z - Eu prefiro pensar que sou "apenas" convencido ou arrogante - seja como for considero a questão que pus no post como um facto e não uma opinião. É frequente sentir MESMO esse receio junto de pessoas, o que de certa forma me preocupa (não acho que seja um falso problema gerado por eu olhar demasiado para o meu umbigo)
Sónia - mas preferias que eu não te "obrigasse" a explicar o teu ponto de vista de uma forma racional? Por vezes tenho receio de ser mal entendido: eu não acho mal (e percebo perfeitamente) que uma pessoa faça uma escolha por razões emotivas e não racionais - eu só quero é ter a certeza de que as pessoas o fazem em consciência.
Já agora, agradeço-vos as vossas opiniões e atrevo-me a fazer-vos uma pergunta:
Eu poderia/deveria de alguma forma mudar o meu comportamento para evitar esta situação? Se sim, como?
Miguelb
És elitista com o grupo que escolhes para teus amigos mas dentro desse grupo és bastante aberto e tratas todos da mesma forma e inclusivé assumes o papel de aglutinador do grupo. Eu sou também elitista com o grupo de amigos que tenho mas não assumo esse papel de dinamizador do grupo como uma unidade. Luis
No meu caso, a razão prende-se um pouco com o que cada um disse.
Sei que és bastante racional e às vezes tenho medo de te apresentar as minhas escolhas porque, se não concordares com elas, começo a ponderar se terei escolhido bem
Mas acho que isto também tem a ver com o facto de ter deixado de ter uma figura paternal presente muito cedo, e acabaste tu por representar esse papel para mim.
Sabias que já há uma sequela do filme das percas...?
Falando mais a sério, concordo com a ideia de seres o elemento aglutinador, és uma boa pessoa e um bom amigo. És daquele género de pessoas que não se limita a ouvir, intervéns e procuras activamente conhecer o outro para o integrar - ou não :) Julgo que é aí que entra a tua parte elistista saudável.
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