Wednesday, October 10, 2012

Encontrar o meu lugar


 
[…]
You're going to fail [to have a great career] because you're not going to do it, because you will have invented a new excuse, any excuse to fail to take action, and this excuse I've heard so many times. "Yes, I would pursue a great career, but I value human relationships more than accomplishment. I want to be a great friend. I want to be a great spouse. I want to be a great parent, and I will not sacrifice them on the altar of great accomplishment."
[...]
But what do you mean? That's what you expect me to say. You really think it's appropriate that you should actually take children and use them as a shield? You know what will happen someday, you ideal parent? The kid will come to you someday and say, "I know what I want to be. I know what I'm going to do with my life."

You are so happy! It's the conversation a parent wants to hear, because your kid's good in math, and you know you're going to like what comes next. Says your kid, "I have decided I want to be a magician. I want to perform magic tricks on the stage."

And what do you say? You say, "Umm ... that's risky, kid. Might fail, kid. Don't make a lot of money at that, kid. You know, I don't know, kid, you should think about that again, kid, you're so good at math, why don't you — "

And the kid interrupts you, and says, "But it is my dream. It is my dream to do this." And what are you going to say? You know what you're going to say? "Look kid. I had a dream once, too, but -- but."

So how are you going to finish the sentence with your "but"? "
... But. I had a dream too, once, kid, but I was afraid to pursue it."

Or, are you going to tell him this:

"I had a dream once, kid... But then you were born!" 
 
Do you really want to use your family, do you really ever want to look at your spouse and your kid and see your jailers? There was something you could have said to your kid when he or she said, "I have a dream." You could have said, looked the kid in the face, and said, "Go for it, kid, just like I did." But you won't be able to say that because you didn't. So you can't.

O discurso é brilhante - acho difícil passar-lhe indiferente - embora as ideias sejam controversas.

A verdade é que nem toda a gente quer ter uma grande carreira. Acho que me sentiria pior comigo mesmo se daqui a alguns anos olhasse para trás e achasse que tinha descurado a família e os amigos em favor de ambições carreiristas, do que se caísse no erro contrário.
Há que dizer que apenas valorizo o trabalho que faço - não a carreira que persigo - e não tenho grandes dificuldades em me auto motivar, pelo que não me custa encontrar a felicidade no trabalho que faço, mesmo que não seja um "grande trabalho".

Mas e se eu substituísse a palavra "carreira" simplesmente por "trabalho"? Aí a análise já fica diferente, porque aí já estaria a falar de algo que valorizo...



Uma vez uma pessoa que respeito muito disse-me:

"Miguel, o que é que está aqui a fazer? Devia estar era a procurar a cura para o cancro!"

Na altura recebi a frase como um elogio. Depois de ir para casa pensar no que significava, comecei a encará-la como uma crítica (tenho a certeza que não era este o sentido que a pessoa lhe queria dar).

A verdade é que frequentemente sinto que podia fazer mais, que estou subaproveitado. A ser verdade, será que é moralmente correcto contentar-me com o que faço em vez de procurar contribuir mais ou de maneira diferente? Será que não devia procurar um lugar onde me adaptasse melhor? Onde as minhas capacidades e potencial pudessem ser melhor aproveitadas? Onde pudesse ter um maior impacto? Isto para não falar na satisfação pessoal de sentir o desafio, o prazer da luta e a importância do resultado do meu trabalho.

Ou será que estou simplesmente a ser presunçoso, ou egoísta? Se calhar o trabalho que faço é tão válido como qualquer outro... Se calhar já estou no sítio onde devo estar... Se calhar há outras maneiras de contribuir que não exijam mudar de emprego, de cidade, de país ou de vida... Que não obriguem toda a minha família a queimar os barcos e a correr atrás da minha sombra, enquanto persigo os meus objectivos. Se calhar posso contentar-me em continuar a procurar o desafio nas pequenas coisas, nos detalhes que me rodeiam - afinal, aparentemente não tenho dificuldade em encontrar encanto e interesse naquilo que me rodeia...

E por falar em sonhos, o que dizer dos sonhos desfeitos da comunidade que me rodeia? O que dizer do impacto sobre avós, tios, filhos, conjugue, que se veriam forçados (pelo menos alguns) a viver a minha vida em vez de poderem viver a deles? Que dizer da estabilidade perdida, laços rasgados, raízes arrancadas - será que tenho o direito de lhes pedir tanto? Pior - será que tenho o direito de lhes impor tanto?

Há que dizer que o momento "but then you were born" me atormenta. Não me imagino a usar a frase num sentido acusatório, mas consigo imaginar-me a ter que usá-la num sentido educativo: se alguma vez quiser incentivar um dos meus filhos a tomar uma decisão semelhante, o que é que lhe vou dizer? Que exemplo é que lhe vou poder mostrar? "Faz o que eu digo, não faças o que eu fiz"? Parece-me o tipo de atitude que costumo criticar nas outras pessoas...

Dantes, tudo se resumia a: o que é que vou querer ver quando daqui a uns anos olhar para o percurso que estou a traçar agora? O que é que vou valorizar? Mais importante ainda - o que é que vou criticar nas escolhas que faço? Que experiências vou desejar ter tido? Que dificuldades vou desejar ter evitado?

Mas agora não! Isto era dantes - agora é diferente. Agora também tenho que pensar: o que é que os meus filhos vão pensar sobre as escolhas que fiz por eles?
 

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