A natalidade em Portugal tem estado nos noticiários - aparentemente nunca esteve tão baixa e continua a cair.
Este facto é visto regra geral como algo muito negativo, sendo que um dos principais argumentos apresentados é utilitarista - se a natalidade cai, o estado social não vai aguentar. Vamos começar a ser todos idosos sem ninguém para tomar conta de nós e para trabalhar para pagar as nossas pensões.
Para lá do egoísmo deste argumento (certamente existem outros bem mais aceitáveis), existe nele uma premissa que me preocupa: o argumento parte do princípio de que para manter o estado social é necessário um aumento constante da população.
Um aumento constante da população é algo que me assusta. Nada cresce constantemente ad infinitum: todas as populações acabam por atingir um factor limitativo - espaço, energia, alimentação, etc. Quando este limite é atingido, uma de duas coisas acontecem:
- Uma estabilização suave em torno de um ponto de equilíbrio
- Uma rotura catastrófica de todo o sistema
De acordo com esta visão, a estabilização da população é algo positivo. Tem conotações negativas - envelhecimento da população, problemas sociais, etc, mas é algo que teria sempre que acontecer - mais cedo ou mais tarde teríamos que atingir o limite ambiental - e mais vale que seja antes de ultrapassarmos (demasiadamente) o ponto de equilíbrio.
Que esta estabilização ocorra sem necessidade de introduzir medidas artificiais (tal como aconteceu na China com a infame política do filho único) é um bónus (muito) bem vindo.
Há que dizer que existem vários argumentos contra esta ideia. Existe actualmente um grande debate entre "doomers" (pessoas que acreditam que estamos a atingir/já atingimos limites ambientais que põem em causa a nossa sobrevivência) e "cornucopians" (pessoas que acreditam que ainda estamos longe de atingir o limite ambiental, e que eventualmente este nunca será atingido devido à evolução tecnológica e/ou social).
Coloco-me do lado dos doomers (não, não sou um "survivalist"), embora não partilhe a opinião de muitos que dizem que já ultrapassámos o limite ambiental - não sei onde esse limite se encontra e acredito (tal como os cornucopians) que este limite evolui com a sociedade e tecnologia.
Quanto a questões económicas - este é um daqueles casos em que os nossos desejos e boas intenções esbarram com a dura e crua realidade: a sociedade tem que se adaptar ao meio ambiente, porque o ambiente certamente que não se vai adaptar à sociedade.
Friday, November 16, 2012
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