Acredito que existem sempre várias maneiras de resolver qualquer problema. Acredito também que raramente é possível identificar uma maneira como sendo a melhor em qualquer situação - para mim a panaceia universal não existe.
Dito isto, tenho também que acrescentar que acredito que cada pessoa tem uma maneira ligeiramente diferente de resolver cada problema de todas as outras pessoas - e que são as pequeníssimas diferenças na forma de resolver cada situação que se nos deparam que nos tornam a todos MUITO diferentes e que fazem com que algumas situações fiquem muito melhor resolvidas que outras. É por isso que não costumo recorrer a uma só pessoa para resolver todos os meus problemas (bem, a não ser talvez a minha mãe :)), mas normalmente procuro a pessoa indicada para cada situação.
Isto acontece quando eu quero resolver um problema - mas e em relação à maneira como avalio os outros?
Bem, na minha avaliação das pessoas não ligo muito à IMPORTÂNCIA do problema a ser resolvido, mas sim à FORMA como o problema é resolvido - para mim isso é o que separa os que valem dos que não valem, os que sabem dos que não sabem, os que merecem dos que não merecem. Pelo contrário, frequentemente a minha apreciação é inversamente proporcional à importância do problema resolvido, porque a dedicação e capacidade de desempenhar bem uma tarefa considerada menor pelos outros é algo que mostra capacidade e (sobretudo) carácter acima da média - confesso que ainda dou valor ao antiquado "pobre mas honrado". Não sei se algumas pessoas me verão como um pragmático que apenas quer saber do resultado - nada poderia estar mais errado. A mim não me interessa tanto ganhar, como saber como é que a vitória foi conseguida. Normalmente gosto mais do prazer da luta do que da doçura da vitória.
Certa vez trabalhei num local onde havia uma grande cantina. Só haviam duas caixas para pagar e frequentemente haviam filas grandes. Lembro-me bem de uma das pessoas que de vez em quando trabalhava naquelas caixas a receber o pagamento. Eu ficava sempre hipnotizado a vê-la trabalhar, tal era a sua eficácia - parecia que cada gesto tinha sido pré-calculado para minimizar o esforço e maximizar o rendimento. A fila dela podia ter o dobro das pessoas que eu escolheria sempre aquela caixa - porque sabia que as minhas probabilidades de sair dali mais depressa eram bastante maiores naquela caixa. Sinceramente cheguei a lamentar o facto de em termos de sociedade não haver o hábito de dar gorjeta a pessoas que recebem o pagamento na caixa. Confesso que também nunca a elogiei directamente porque sempre achei que isso poderia ser mal interpretado. O que é um facto é que aquela pessoa mostrava uma eficiência tal que ainda hoje me lembro bem dela e da forma como trabalhava - isto numa posição que é considerada pela sociedade como de importância secundária.
Um destes dias ouvi (li) um amigo meu a estranhar terem-lhe dito que até como padeiro se sairia bem. Pareceu-me que ele não atribuiu o valor devido a um elogio desses. Pois eu responder-lhe-ia: que grande elogio que te deram!
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2 comments:
Independentemente dos resultados o que interessa realmente é o coração que colocamos nas coisas que fazemos e que isso nos faça sentir bem ao fim do dia. Mas executar bem a nossa profissão não é garantia de satisfação. Não acredito em realização quando não fazemos aquilo que gostamos. Um amante da carpintaria tira mais prazer num misero primeiro prego ferrado na madeira do que todo o pão que produziu na padeira com grande enfado apesar do deleite dos seus clientes. Luis
No post não falei da auto-satisfação de quem gosta do que faz, mas sim do valor de quem tem orgulho e dedicação naquilo que faz.
É verdade que é difícil (mas não impossível!) existir realização em trabalho indesejado (eu já passei por isso), mas não deixa de poder haver valor.
Duvido muito que quem fez o elogio que eu menciono no post estivesse a pensar na auto-satisfação do elogiado. O elogio era: "até como padeiro serias um bom profissional" e não "até como padeiro serias feliz" - mesmo porque conhecendo a pessoa visada, dificilmente ele ficaria satisfeito com menos do que a sua ambição já lhe "prometeu" (mas isso já é outra história)
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